Botswana, um dos principais produtores de diamantes da África, declarou estado de emergência em saúde pública diante da escassez crítica de medicamentos e equipamentos médicos. A medida foi anunciada pelo presidente Duma Boko em pronunciamento nacional, no qual detalhou um plano emergencial para enfrentar a crise, que incluirá supervisão das Forças Armadas na distribuição de suprimentos.A grave situação do sistema de saúde reflete problemas financeiros profundos. Segundo o governo, dívidas acumuladas superiores a 1 bilhão de pula (cerca de R$ 292 milhões) e a queda nas receitas do setor de diamantes comprometeram a capacidade de manter os serviços básicos.
De acordo com o Ministério da Saúde, a suspensão de programas essenciais e a interrupção de parcerias com clínicas privadas tornaram-se inevitáveis. Um comunicado assinado pelo secretário permanente da pasta, Dr. Christopher Nyanga, destacou que, diante das limitações, a prioridade será salvar vidas. Procedimentos eletivos e não emergenciais, como transplantes, artroplastias e inserção de próteses oculares, serão adiados.Além disso, o programa de distribuição de medicamentos crônicos em farmácias privadas está temporariamente suspenso. A intenção, segundo o governo, é concentrar os recursos escassos nas situações de maior urgência.
O presidente afirmou que a cadeia de fornecimento será reestruturada “sem interrupções, até que todo o processo de compras seja corrigido”. Para isso, o Ministério das Finanças liberou 250 milhões de pula (aproximadamente R$ 73 milhões) como verba emergencial.A crise ocorre em meio a dificuldades econômicas crescentes. Com 2,5 milhões de habitantes, Botswana enfrenta uma desaceleração no mercado global de diamantes — principal pilar da sua economia. A Debswana, empresa formada em parceria com a De Beers, suspendeu operações em várias minas devido à queda na demanda internacional. Em 2024, as receitas da mineradora caíram quase 50%.
Outro fator agravante foi a redução da ajuda financeira dos Estados Unidos, que anteriormente respondia por cerca de um terço do financiamento para programas de combate ao HIV no país. A diminuição do apoio internacional, somada à queda nas exportações, elevou o desemprego e aprofundou a pobreza.O ministro da Saúde, Dr. Stephen Modise, alertou que o fornecimento de medicamentos para o tratamento de doenças graves como câncer, tuberculose e HIV já foi afetado. Apesar das dificuldades, ele demonstrou otimismo: “Tenho plena convicção de que vamos superar. Isso não é impossível.”